• Avaliação Viva o Cinema:

Quando li a sinopse achei que o filme seria sobre uma mãe querendo vingar a morte da filha, mas estava enganado, “Três Anúncios Para um Crime” é um filme sobre a raiva e como este sentimento nos cega. Tem a mãe que decide colocar os outdoors para cobrar solução para o assassinato da filha, sem se importar que o xerife está morrendo de câncer. Tem o Dixon (Sam Rockwell), um policial que tem ódio e raiva raciais, mas que no decorrer do longa vai se modificando. Enfim, é uma reflexão do ser humano e toda a sua complexidade. Mas o longa não tem nada de auto-ajuda nem discursos moralistas, ainda bem. Aliás, os textos dos diálogos são de aplaudir de pé, com um humor negro delicioso e umas indiretas que vão direto para dentro da nossa mente.

O sensacional roteiro é cheio de reviravoltas e o espectador nunca sabe as reações que os personagens terão. Outro destaque fica por conta da fotografia, que sempre tem uma penumbra e que mostra com clareza o abandono e a falta de lei de Ebbing pequena cidade de Missouri, estado localizado no meio-oeste americano, ou seja, uma área isolada, sem muitos recursos.  Resumindo: o filme é uma mistura de longas dos irmãos Coen (“Fargo”, “Onde os Fracos Não tem Vez”), com um quê de Quentin Tarantino.

Frances McDormand (Mildred) tem o melhor desempenho de sua carreira e olha que isso não é pouco, em se tratando de uma atriz espetacular e merece o franco favoritismo para o Oscar de melhor atriz. Sam Rockwell (Dixon) também está perfeito e também merece a quase certa estatueta de melhor ator coadjuvante. Já Woody Harrelson (Willoughby), que concorre com Rockwell na mesma categoria, faz um ótimo trabalho, merece a indicação, mas tem poucas chances de levar.

“Três Anúncios Para um Crime” está indicado a 7 Oscar: melhor filme, atriz (Frances McDormand), ator coadjuvante (Sam Rockwell), ator coadjuvante (Woody Harrelson), roteiro original, canção e edição.