A Cor Púrpura
A trama de A Cor Púrpura começa na Geórgia, em 1909 e na primeira cena aparece uma mulher montada em um cavalo e cantando e já percebemos a repressão que Celie irá passar. Na canção diz “papai não gosta de gritos por aqui” e “nenhum papo mulher quando eles bebem aquela cerveja”. Isso já mostra bem o machismo da época e da região sul dos EUA. No mesmo momento aparecem Celie e sua irmã, Nettie, brincando em cima de uma árvore. E a música continua: “Com certeza o Sol vai brilhar. Seremos mulheres adultas boas para casar”. Aqui mostra o patriarcado e a noção de que a mulher só pode ser feliz com um homem.
Então, lembrar que o filme começa com Celie grávida do próprio padrasto. Quando mostra a primeira vez a barriga de Celie, uma canção ao fundo é cantada: “Deus age de maneiras misteriosas”. Ou seja, aqui é mostrado bem o fanatismo religioso e a noção de que a mulher tem que sempre abaixar a cabeça.
O filme conta com uma surpresa, que é a participação de Whoopi Goldberg, a Celie do clássico de 1985. A câmera sempre mostra o padrasto envolto em uma sombra, mostrando bem o seu caráter.
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Então, depois mostra o futuro marido de Celie andando de cavalo e ela a pé atrás dele, papel que a mulher desempenhava na época. Era vista como escrava, sofrendo agressões físicas e sexuais. Mas a presença de Halle Bailey (Netttie), que fez A Pequena Sereia, é quase nula, pouco aparece na tela, mas ela brilha em suas cenas.
Depois tem uma passagem de tempo para 1917. Quando aparece Sofia, uma mulher avançada, que não aceita cabresto. Isso fica claro em uma cena em que ela enfrenta Mister (Colman Domingo) de igual para igual e dentro de uma taverna, lugar proibido para mulheres na época. Então Danielle Brooks faz um excelente trabalho como Sofia e merece a indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante.
A Cor Púrpura e o avanço das mulheres
Então, Sofia representa o início da luta pelas igualdades e isso é deixado bem claro quando Celie vai visitá-la e Sofia manda Harpo, filho do Mister, segurar um bebê e fazer um chá. Em uma conversa entre Celie e Halo, ele diz que quer que Sofia o tema. Ou seja, as mulheres na época tinham medo do marido e não amor. Sofia quebrou este paradigma. O filme faz um contraste interessante entre a submissão de Celie e o grito por direitos iguais de Sofia e Shug Avery, uma artista que chega na cidade. Além disso, o filme faz também uma homenagem a magia do cinema, quando Celie vai ver um filme pela primeira vez com Shug Avery e se imagina dentro da telona.
Apesar de ser uma adaptação de um musical da Broadway, os números musicais cansam e quebram a narrativa. Seria melhor ter feito um drama, como o clássico de 1985. Infelizmente Fantasia Barrino, a Celie, não tem o talento de Whoopi Goldberg, que fez a protagonista no clássico de 1985. Enfim, o filme até tenta, mas está longe da qualidade do longa de 85.
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