• Avaliação Viva o Cinema:

Sei que já teve diversos filmes e séries tratando do período negro da ditadura militar, mas Ainda Estou Aqui mostra como o regime atingiu uma família de classe média no Rio de Janeiro.

O filme começa em 1970, dois anos depois do AI-5 e o endurecimento da ditadura. Na primeira cena, vemos Eunice Paiva (Fernanda Torres) boiando no mar, como se quisesse esquecer do que estava havendo. Além disso, como se quisesse não ouvir sobre o regime ditatorial.

Todo o tempo, antes da prisão de Rubens Paiva, mostra um perigo iminente dentro da casa do ex-deputado, recém voltado do exílio. Ainda Estou Aqui tem uma cena que mostra a família Paiva na praia e os caminhões do Exército passando e mostra a cara de medo da Eunice. Como se ela soubesse que a qualquer momento a ditadura realmente pudesse entrar na sua casa.

Mais sobre Ainda Estou Aqui

O filme tem cenas emblemáticas, como quando Eunice é interrogada, levada com um capuz preto para uma instalação militar e ela ouve os gritos de tortura e algumas cenas desta terrível prática são mostradas no longa. E no momento do interrogatório, Eunice olha para o chão e vê manchas de sangue, mostrando toda a crueldade da ditadura.

O filme mostra muito bem a resiliência de Eunice em manter a sua família mesmo após o desaparecimento do marido.

Mas ao mesmo tempo ela tenta conseguir informações do paradeiro de Rubens Paiva. Quando finalmente Eunice consegue a certidão de óbito do marido, 25 anos após o seu desaparecimento, é uma cena muito emocionante.

Além disso,Fernanda Torres merece a indicação ao Globo de Ouro de melhor atriz. Já que entrega uma interpretação perfeita, que mostra ao mesmo tempo o medo constante e a força de Eunice Paiva.

Enfim, Ainda Estou Aqui é um filme emocionante, tocante, sobre a luta de uma mulher que quer saber somente o paradeiro do marido e pai dos seus filhos, informação essa que foi negada durante toda a ditadura militar.

É um filme para se sentir aos poucos, toda a angústia presente naquele lar, mesmo Rubens Paiva tentando manter a normalidade. Mesmo quando foi levado pelo regime autoritário. É um longa para refletirmos para nunca mais uma ditadura ocorra no Brasil, seja de direita ou de esquerda.