• Avaliação Viva o Cinema:

O diretor Sean Baker retratou a marginalidade no excelente filme chamado Projeto Flórida. E agora repete a dose em Anora ao mostrar a vida dura de uma prostituta. Logo no início do filme, Ani está conversando com uma colega de trabalho e a amiga percebe uma tatuagem de borboleta na protagonista. Desde então o roteiro quer mostrar que, apesar da profissão, Ani mantém uma certa inocência e ingenuidade.

Outro aspecto interessante é ver o contraste da vida dura e humilde de Ani X a infantilidade de Ivan, filho de um milionário oligarca russo.

Mikey Madison (Ani) parece ter deixado a assassina de Pânico para trás e entrega um belo trabalho fazendo de Ani uma personagem ingênua, encantadora e frágil. Não é à toa que está indicada ao Oscar de melhor atriz.

O roteiro também nos mostra uma Anora como uma personagem completa e de várias camadas. É ao mesmo tempo uma personagem frágil, mas esperta e é fácil se encontrar na personagem. Ela fica íntima do espectador.

Mais sobre Anora

Outro ponto interessante do filme é quando Ivan está jogando videogame e a câmera mostra os empregados arrumando a casa. Ou seja, fora o Ivan, todos trabalham para conseguir o suado dinheiro. E vemos mais uma vez o confronto de classes.

A câmera de Sean Baker sempre bem posicionada, seguindo os personagens. Exatamente como fez no excelente Projeto Flórida.

Outro assunto interessante tratado no filme é o poder do dinheiro. Como uns capangas de um oligarca fazem de tudo para conseguir seus objetivos. Por exemplo, como humilhar os trabalhadores. O filme também fala como o dinheiro e o poder podem ser ilusórios. Como todo um sonho pode se esvair.

Para a família de Ivan é impensável o casamento do herdeiro com uma prostituta. Então todo aquele sonho que Ani estava vivendo, se transforma em uma realidade opressora que deixa claro que quem tem mais poder leva a melhor.

Ani pensa que tirou a sorte grande, vive uns dias de princesa. Mas quando a família de Ivan descobre que ele se casou com uma prostituta, começa a corrida para anular o casamento. Então o filme se torna um divertido road movie.

Enfim, Anora foi indicado a 6 Oscar: filme, direção, atriz (Mikey Madison), ator coadjuvante ( Yura Borisov), roteiro original e edição. E ganhou a Palma de Ouro em Cannes.