Argentina,1985

Primeiramente é preciso dizer que o cinema argentino há muito é um dos melhores do mundo. E Argentina, 1985 veio somente confirmar isso. Como pode um filme de tribunal conseguir ainda comover sem grandes espetacularizações hollyoodianas? O diretor Santago Mitre responde ao utilizar mão de recursos que deixam o filme ainda mais interessante.
Apesar do tema ser espinhoso, o roteiro não pesa na mão, apenas relata os fatos. Mas ao contrário do que muitos pensam, não isenta o outro lado, os chamados “subversivos” de uma certa culpa. O próprio promotor diz que eles sequestravam. Mas que esperava que o Estado os julgasse baseado nas leis. Contudo o governo argentino usou de torturas, desaparecimentos, mortes e outras atrocidades.
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Ao contrário do que ocorre no Brasil, nossos hermanos revisitam esta triste história. Além disso foi a primeira vez na história mundial em que uma ditadura militar foi condenada judicialmente. Mas até hoje ainda há processos correndo contra generais e mães ainda com esperança de acharem seus filhos vivos.
Em entrevista à BBC, Mitre declarou o seguinte: “Há gerações na Argentina que nasceram dando a democracia como algo certo. E eles não se lembram, não só do julgamento, como mal se lembram da ditadura, e acham que é algo pré-histórico”.
Contudo, esta barbaridade nos países da América Latina ocorreu há menos de 50 anos atrás e jamais deverá ser esquecida.
O promotor do caso, Julio Strassera, interpretado brilhantemente por Ricardo Darín, diz na sentença:
“Este julgamento e a sentença que proponho buscam estabelecer uma paz baseada não no esquecimento, mas na memória. Não na violência, mas na justiça. Esta é nossa oportunidade. Talvez seja a última. Senhores juízes, quero renunciar expressamente a toda pretensão de originalidade para este encerramento. Quero usar uma citação que não pertence a mim, porque já pertence a todo o povo argentino. Senhores juízes: “Nunca mais”.”
Argentina, 1985 foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e está disponível no Prime Vídeo.
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