Dois Dias, Uma Noite (Deux jours, Une Nuit)

O filme simplesmente aponta o dedo na cara do espectador e pergunta: Você abriria mão de 1000 Euros para ajudar uma colega ou amiga de trabalho? E os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, que dirigem o longa, fazem isso com uma eficiência que já habitual em se tratando destes dois gênios do cinema. Depois dos maravilhosos “A Criança” (filme que levou a Palma de Ouro em Cannes) e “O Garoto da Bicicleta”, eles mais uma vez emocionam o espectador com o que sabem fazer de melhor: um drama intimista, com um pequeno toque de política e de problemas sociais.
“Dois Dias, Uma Noite” conta a história de Sandra, uma mulher que acabou de sair de um tratamento de depressão e quer voltar a trabalhar. Acontece que o seu chefe mandou os seus colegas escolherem entre manter a Sandra no emprego ou ganhar 1000 Euros cada um. O espectador vai acompanhando o desespero da protagonista em convencer os colegas a perderem o abono para que ela possa voltar a trabalhar. O grande mérito do filme é um enredo enxuto, que se desenrola deixando o espectador sentindo uma grande agonia, isso ocorre pelos movimentos de câmera, sempre mostrando dando zoom na protagonista e uma direção poética, com partes memoráveis, quando ela e seu marido estão escutando música no carro, cenas simples mas que os diretores fazem delas dois momentos de extrema beleza.Além da ausência de música para forçar emoção no espectador, aqui você se emociona só pela história e interpretações de um belo elenco.E outro ponto positivo do longa é fazê-lo exatamente no momento em que a Europa passa por esta crise financeira, pois em “Dois Dias, Uma Noite” vemos também o questionamento sobre o momento econômico e uma crítica ao capitalismo atual.
Marion Cotillard, que faturou um Oscar por “Piaf-Um Hino ao Amor”, volta a concorrer este ano a melhor atriz e fez por merecer esta indicação, com uma interpretação extremamente comovente.
Que tal receber atualizações no seu Facebook ou Instagram? Siga o Viva o Cinema
Comentários