• Avaliação Viva o Cinema:

Antes de mais nada, Drive My Car, o novo filme de Ryûsuke Hamaguchi, responsável pelo ótimo Asako I & II é um drama de como podemos superar nossas dores. O roteiro é dividido em dois atos. Inclusive os créditos só aparecem depois de 30 minutos de projeção. Ou seja, parece mesmo ser dois filmes em um.

Primeiramente vimos um casal conturbado. E Yûsuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima), diretor de teatro, usa o seu trabalho como fuga daquela realidade. Através das peças, ele tenta fugir de si mesmo e dos problemas. Aliás, importante prestar atenção nos diálogos deste primeiro ato.

Após uma tragédia, há um intervalo de dois anos. Neste momento, Yûsuke Kafuku é chamado para dirigir a peça Tio Vânia, de Tchekhov, em Hiroshima. Mas lá ele é obrigado a dividir o carro com a motorista  Misaki Watari (Tôko Miura). Além disso, o carro no filme é como se fosse um refúgio para as dores de ambos. É o lugar onde o protagonista se sente protegido, como se no automóvel, as dores não podem atingí-lo.

Drive My Car (2021) | MUBI

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E os movimentos de câmera neste filme dizem muito. Por exemplo, uma cena em que os dois estão fumando no carro e abrem o teto solar. Neste momento a câmera focaliza as mãos deles juntos, como se fosse um pedido de socorro.

E no momento em que eles resolvem fazer uma viagem e trocam experiências sobre suas tragédias, a câmera focaliza o tempo todo uns túneis escuros. Ou seja, representando o estado de espírito dos personagens.

Outro aspecto interessante é como o protagonista tenta fugir de encenar a peça de Tchekhov, pois segundo ele, o texto do dramaturgo faz mostrar nossos verdadeiros sentimentos. Ou seja, ele reralmente não quer encarar e superar os sofrimentos, tentando se esconder dentro de uma cloaca, que aqui é representado muito pelo carro.

Apesar do filme ser longo, 3 horas de duração, recomendo que todos cheguem até o final, pois é um longa que encanta ao nos ajudar também na auto descoberta.

Sinopse: O ator e diretor Yusuke Kafuku é convidado a encenar O Tio Vânia de Tchécov num festival de teatro em Hiroshima. No carro em que se desloca, conduzido pela discreta jovem Misaki, Kafuku confronta-se com o passado e o mistério sobre a sua mulher, Oto, que morrera subitamente levando um segredo com ela.

Enfim, o longa foi indicado ao Oscar de melhor filme, direção, roteiro adaptado e filme internacional. Ele estará no Mubi a partir do dia 17 de março. Mas nos cinemas, somente após a cerimônia do Oscar.