• Avaliação Viva o Cinema:

Judas e o Messias Negro é um filme essencial, que relata com detalhes o que foi o polêmico Partido dos Panteras Negras. Muitos irão dizer que é documental demais. Mas longas que contam histórias importantes como esta devem ser sim documentais e lineares, para que o espectador entenda bem o contexto.

E o diretor Shaka King acerta em colocar elementos do Blaxploitation, movimento cinematográfico negro dos anos 70, no filme, dando um ar retrô.

Além disso, o filme expõe as entranhas da corrupção dos Estados Unidos. Nesse sentido, vimos um J. Edgar Hoover, chefe do FBI, cruel e racista, que ordenada assassinatos sem pestanejar.

Entretanto, o longa deixa de lado a imparcialidade necessária. O roteiro deveria mostrar os fatos somente e deixar o espectador fazer o seu julgamento.Mas não é o que acontece aqui. Fred Hampton é mostrado o tempo todo como herói. As manifestações violentas do grupo foram omitidas e só foram mostradas as cenas de violência policial. Vale lembrar que os Panteras Negras justamente eram o contraponto de Martin Luther King, que tinha praticamente o mesmo discurso, mas sem o uso da violência.

Judas e o Messias Negro é drama pesado e necessário - Boletim Nerd

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Enfim, outro problema do roteiro é a dificuldade de amarrar as histórias de Fred Hampton e Bill O’Neal, que apesar de estarem ligadas, no longa parecem duas histórias separadas.

Daniel Kaluuya (Fred Hampton) faz uma interpretação espetacular e merece sua indicação ao Oscar de melhor ator. Assim como  LaKeith Stanfield (Bill O´Neal), que também está excelente e merece  estar concorrendo como melhor ator coadjuvante. Vale lembrar que os dois foram companheiros de cena no espetacular Corra.

Sinopse:  A história de ascensão e queda de Fred Hampton (Daniel Kaluuya), ativista dos direitos dos negros e revolucionário líder do partido dos Panteras Negras. Um jovem proeminente na política, ele atrai a atenção do FBI, que com a ajuda de William O’Neal (LaKeith Stanfield) acaba infiltrando os Panteras Negras e causando o assassinato de Hampton.

O longa foi indicado a 6 Oscar: Melhor filme, ator, roteiro original, ator coadjuvante, fotografia e canção original (Fight For You).