• Avaliação Viva o Cinema:

Antes de mais nada, é bom realçar que Mães Paralelas é o tipo de filme clássico de Pedro Almodóvar. Ou seja, as mulheres, com suas angústias, voltam a ser o foco do cineasta. E, como de costume, ele flerta com o melodrama.

Mas o que poderia soar mais um melodrama folhetinesco ou até mexicano, nas mãos do diretor se torna um belo filme sobre o desejo e angústia da maternidade. De um lado temos Janis (Penélope Cruz), do outro a Ana (Milena Smit). As duas tem filhas no mesmo dia, horário e até dividem o mesmo quarto. Contudo, uma está na faixa dos 40, a outra é menor de idade. E o roteiro explora bem isso também, pois enquanto Janis sempre quis ter um filho. Ana não estava preparada para isso e não conta com o apoio da família. Outro aspecto explorado é quando a mãe de Ana conversa com Janis e disse que não planejou ter sua filha. Inclusive sendo logo abandonada pelo marido. Então vivendo o conflito maternidade versus carreira.

Além disso, como se não fossse o bastante, o roteiro interliga o passado da ditadura sanguinária da Espanha com a angústia das duas protagonistas de assumirem a maternidade sozinhas.

Mães Paralelas”: a maternidade e sua importância na história do mundo | Luciana Teixeira Morais | iG

Mais sobre Mães Paralelas

E o filme conta sim com uma grande e imprevisível reviravolta. Mas o foco do roteiro não é este e sim as consequências de cada escolha que fazemos. Então o drama vai se desenrolando com dramas que fazem refletir.

Aliás, como vários outros longas do cineasta, aqui também temos um final com uma imagem que diz muito. Pois paralelamente ao drama feminino, tem o drama político de Janis, quer quer fazer uma escavação para achar os restos mortais do bisavô, morto na ditadura.

Penélope Cruz entrega uma interpretação equilibrada, que poderia cair facilmente para o exagero, e merece a indicação ao Oscar de melhor atiz. Além disso, o longa também foi indicado a melhor trilha sonora.