• Avaliação Viva o Cinema:

Antes de mais nada, American Fiction é baseado no livro Erasure (“apagamento”) lançado em 2001 por Percival Everett. O longa começa com um professor negro chamado Monk dando aula para uma turma majoritariamente de brancos e com a seguinte discussão “o negro artificial”. Aqui já percebemos que o roteiro fará uma crítica pesada a nossa sociedade.

Quando questionado por uma aluna sobre a palavra Nigger ele responde: “tem 2 Gs na última vez que conferi”. Então, “Nigger é uma palavra estereotipada para chamar os negros nos EUA. Uma aluna branca se sente ofendida com o uso da palavra Nigger. O professor responde que teve que aguentar esta expressão a vida toda, então ela também tem que aguentar. Aqui o roteiro critica a hipocrisia do politicamente correto.

Depois o professor está com a mesa diretora da escola, quando um deles reclama que Monk não escreve mais livros e que ele, diretor, já escreveu 3 livros desde o último de Monk. O professor responde: “Isso só prova que coisas boas levam tempo”. Mais uma crítica aqui, agora ao meio editorial americano.

Após isso, o editor liga para Monk dizendo que quer um “livro negro”. O editor continua dizendo que querem que ele escreva sobre policiais matando adolescentes, ou seja, aqui American Fiction critica o clichê da literatura que quer aprisionar o negro em temas limitados.

Mais sobre American Fiction

O festival do livro que Monk está dando uma palestra está vazio, quando ele caminha para um outro auditório que está cheio porque uma escritora chamada Sitara resolveu escrever sobre os guetos. Mais uma critica ao meio editorial que quer aprisionar negros em clichês.

Exaurido da representação negra nos livros, Monk resolve criar, através de um pseudônimo, que inclusive é um fugitivo da polícia, um livro cheio de clichês raciais. Esperando que o livro não fosse levado a sério, ele é elogiado pela crítica e público.

Um aspecto interessante é que quando Monk estava escrevendo o livro ele conversa com os personagens. Ou seja, uma ironia a profissão de escritor. Quando Monk começa a conversar com uma editora que quer publicar seu livro, ele é obrigado a falar como se fosse “um negro americano , estereotipado, que inclusive terá que voltar para a prisão futuramente.”

Além disso, ele também é obrigado a dizer que o livro é autobiográfico. E em um ato de ira, ele diz que a elite branca irá adorar o seu livro. Já que o negro ainda é visto assim nos EUA. Em uma discussão com a escritora Sitara, que faz livros estereotipados sobre negros. Então Monk diz: “ Não que isso não seja real, mas somos mais que isso”. Aqui se resume toda a ideia e a crítica que o filme faz do mundo editorial, da sociedade, que somente quer ver o negro retratado como o pseudônimo do Monk, um fugitivo da polícia.