• Avaliação Viva o Cinema:

Apesar de ser sim um filme cheio de clichês, o longa Passagem tem os seus méritos. Primeiramente pela forma como o roteiro começa falando do retorno de Lynsey (Jennifer Lawrence) depois de servir na guerra do Afeganistão. Geralmente na história do cinema os traumas de uma guerra são retratados por personagens masculinos. Aqui vemos este drama na perspectiva de uma mulher de apenas 23 anos.

No começo do longa, tem um longo silêncio, que é o estado de alma de Lynsey. Até que ela começa a vencer os obstáculos. Contudo, o mais interessante no roteiro é como a guerra serviu de fuga da triste realidade da protagonista. Tanto que ela sonha em se reabilitar para voltar ao combate e deixar para trás a sua problemática mãe. E o roteiro trata isso com extrema delicadeza.

Mas o que destaca mesmo é a relação entre Lynsey e James (Brian Tyree Henry), que também passou por um terrível trauma. E a construção desta relação feita aos poucos é outro ponto positivo do roteiro.

Jennifer Lawrence's Causeway Is A Quiet Film With Big Performances |  Cinemablend

Mais sobre Passagem

Lynsey vai trabalhar como limpadora de piscinas. E digo isso porque o roteiro utiliza isso para mostrar o estado de alma da protagonista. As piscinas e as casas vazias é como está o coração de Lynsey, oco, sem amor, só amarguras.

E tem uma cena que quando ela começa a aceitar a sua vida, a câmera corta para outra cena dela limpando uma piscina de plástico. Ou seja, como cinema é sobretudo imagem, a piscina que ela tira a terra é uma alusão a sua própria mente. Tirou as terras e aceitou o destino dela.

Mas preciso perguntar de novo, cadê a Academia que não deu uma indicação ao Oscar a Jennifer Lawrence em um dos seus melhores trabalhos?

O longa foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante (Brian Tyree Henry). E está disponível na Apple TV+.