• Avaliação Viva o Cinema:

Primeiramente é preciso dizer que Pobres Criaturas não é um filme convencional, para todos os públicos. É um filme que, em tempos de inteligência artificial, como que vivemos hoje, ironiza a vontade do ser humano de ser Deus. O personagem do William Dafoe, como sempre excelente ator, que cria seres humanos, é chamado de God, Deus em inglês.

Além disso, é quase uma versão moderna do clássico Frankenstein, de Mary Shelley. Só que mostrando enaltecendo a liberação feminina. O longa se passa na Era Vitoriana e acompanhamos as aventuras de Bella Baxter, Emma Stone, espetacular, que é trazida a vida por God utilizando o cérebro de um filho quer ainda não nasceu.

Bella foge com Duncan Weddeburn (Mark Ruffalo) também ótimo, pelos continentes livres de preconceitos. Com isso, Bella quer afirmar a sua igualdade e a vantagem de ser livre. É interessante observar no roteiro a evolução da Bella, desde que quando começou a comer, andar e falar até a rebeldia contra God, seu criador.

E a fotografia do filme é sensacional. Nos primeiros momentos, quando Bella ainda era aprisionada dentro de casa, aprendendo a ser um humano, a fotografia é toda preta e branca. Mas quando a personagem se rebela, a fotografia fica colorida e com uma forte claridade.

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Outro ponto interessante de acompanhar é uma certa exploração intelectual da protagonista, desde quando conhece aspectos do mundo real. Até dar vazão a sua libertação e os desejos sexuais, uma parte importante no filme. Aliás, este é um tema padrão do diretor Yorgos Lanthimos, vide os sensacionais A Favorita e A Lagosta.

Este com certeza é o papel mais importante e desafiador da carreira de Emma Stone, e ela entrega uma interpretação sublime, que mostra o porquê dela ser favorita para ganhar o Oscar de melhor atriz.

Outro trabalho que merece aplausos é de Mark Ruffalo como Duncan Weddeburn. Principalmente quando é mostrado que as intenções dele é controlar Bella. Aliás, o cineasta a todo momento ironiza a sociedade patriarcal e seu desejo de controlar as mulheres. Isso é muito bem representado nos personagens Max Candles e Alfie Blessington.

E isso tudo utilizando um humor ácido e irônico. O filme com seus tons surrealistas e paisagens deslumbrantes, ou seja, o longa é uma grande odisseia.

Pobres Criaturas foi indicado a 11 Oscar: melhor filme, direção, atriz (Emma Stone), ator coadjuvante (Mark Ruffalo), roteiro adaptado, fotografia, edição, design de produção, figurino, maquiagem e penteado e trilha sonora.