• Avaliação Viva o Cinema:

Antes de mais nada, é preciso dizer que o filme Rustin, produzido pelo casal Obama, começa dizendo que em 1954 a segregação racial foi proibida nos EUA.

Então aparece um mestiço sofrendo bullying na escola. E uma cena que diz muito, uma menina negra, na rua, acompanhada de 4 policiais. Além de uma mulher negra sendo xingada por brancos. O que querem mostrar aqui? Que a lei nos EUA não saiu do papel e a segregação continuava.

O movimento negro então resolve fazer uma manifestação em frente a uma Convenção do Partido Democrata. Isso através de Martin Luther King. Mas há um cuidado no roteiro em não protagonizar o filme em King, já que Rustin é o protagonista. Contudo, isso acaba sendo um pouco forçado demais no filme, já que não há marcha para Washington sem a participação de King.

Ao mesmo tempo isso tem um aspecto positivo, pois mostra como Rustin motivava o movimento e sua importância na história era desconhecida até então. Aliás, o ativista é retratado como o idealizador da manifestação.

Mais sobre Rustin

Rustin era contra a violência e isso é mostrado quando, em uma festa, um negro tenta bater em um branco. E ele defende o branco dizendo “o pacifista se opõe ao uso da violência, mas tem que estar preparado para recebê-la.”

Entretanto, O filme é sobre a maior manifestação pelos direitos civis já feitas na história. Com medo do fracasso, inicialmente, o movimento negro não apoia a manifestação. Inclusive no filme mostra que o ativista que sugeriu o não uso da violência para Martin Luther King. E tudo sobre Rustin é retratado neste filme, inclusive a sua vida homossexual, que na época era visto com preconceito.

O filme retrata bem a briga e insistência de Rustin com os dirigentes do movimento negro. Tem um momento em que o filme faz um flashback e volta para 1942, quando os negros só podiam sentar atrás nos ônibus e a reação da polícia ao descumprimento desta absurda lei. E este flashback não quebra a narrativa, mérito do roteiro.

Enfim, O cinema é feito também para criar discussões e levantar bandeiras. Mas faltou emoção ao filme, que na sua maioria trata tudo de maneira rasa. Colman Domingo está perfeito como Rustin e merece a sua indicação ao Oscar de melhor ator.